quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Summers x FK (wonkish)

Sobre o debate Summers x FK:

Equivalência ricardiana só leva a multiplicador zero em caso de agentes homogêneos, vida infinita, e num mundo sem rigidezes e onde o PIB cai do céu em forma de dotação.

Com agentes heterogêneos, taxar pessoas que não estão debt-constraint e transferir para outras que estão pode ter impacto sim sobre alocações. Com rigidez de preços, expansão dos gastos públicos pode levar a aumento de demanda agregada mesmo com queda de consumo privado. A restrição orçamentária do governo fecharia nesse caso justamente via aumento do PIB. E se ao invés de dotação tiver uma função de produção com trabalho como insumo, o pessoal mais radical do RBC vai dizer que o gasto do governo, empobrecendo as pessoas via mais impostos esperados, leva a maior oferta de trabalho e, portanto, a maior PIB. Nesse último canal, nem o FK acredita...

Bom saber que Antoninho vive..

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Larry S. called

-- Hi, Carlos
--- What's up Larry?
--- I wonder whether FK saw my paper with De Longo, convincingly showing fiscal consolidation is a self-defeating strategy even if the government's objective is solely to stabilize debt/gdp...
---Oh yes, he read it.
--- And?
----He said it sucks, Larry. You know FK is a firm believer of Ricardian Equivalence. He teaches his students that the multiplier is zero: more spending is totally offset by higher expected tax rates in the future.
--- But with ultra-low interest rates, government infrastructure in tatters and hysteresis in the labor market the multiplier cant possibly be zero, for god's sake!
--- Oh, almost fogot, FK said the hysteresis assumption is cheap...he added you guys should be very desperate to resort to that. Take that out and your results vanish, he said, with a sort of derisive smile in his face.
--- The problem with FK is that he is so arrogant he can't see beyond his stupid RBC model with no market failures. Antoninho de Botucatu was always right in this regard. I deeply lament he passed away recently. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Olhando as grandes tetas


De qualquer janela de Jackson City a vista impressiona. Bernanke vai olhar para elas, pensar no custo de aumentar a expectativa de inflação, olhar para elas de novo, torcer para que os últimos dados não sejam somente um ruído, dar uma última olhada, não falar nada, e voltar para DC.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Juros nominais na Dinamarca < 0

O Banco Central da Dinamarca meteu o juro nominal oficial de curto prazo abaixo de zero...isso mesmo, não estou falando de mercado secundário, estou falando da Selic deles. Quer por seu dinheirinho no overnight da Dinamarca? Tem que pagar pelo privilégio!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Una culona inchiavabile


Acordei de manhã com duas ideias, não chupadas do Gavekal. Primeiro, a verdadeira batalha da Europa será travada na Itália. Isto porque sua elite, diferentes da dos outros países europeus, não é política ou financeira, mas industrial. Por isso, os custos de saída do Euro não são tão gigantes. Segundo, a batalha começa já no fim desse ano, quando o Berlusconi se candidatar (a eleição é até abril/2013), com uma campanha propondo a saída da Itália.

Second best (wonkish)

Em economia, tem uma coisa chamada teorema do second-best. A ideia eh a seguinte: se por um motivo qualquer, um certo impedimento digamos, uma das variáveis endógenas de um modelo qualquer não puder assumir o valor "ideal" dela, o melhor é que as outras variáveis endógenas também não sejam escolhidas de a modo a assumir seu valor ideal, mesmo estando essas desimpedidas para fazê-lo!

Achei no livro City Economics, do O'Flatherly, um exemplo legal que ilustra o conceito: quando voce toma banho, voce escolhe de modo ideal uma combinação de volume de água, x, e de temperatura, T. Essa combinação vem de uma mistura de volumes ideais de águas quente, xq, e fria, xf. Agora imagine que a torneira quente não está funcionando direito (por conta de um impedimento exógeno). O que voce faz? Voce mantem xf no nível ideal anterior, ou aumenta-o para reestabelecer x ao patamar prévio?? Não! Isso deixaria você mais próximo do nível x de volume ótimo, mas muito longe de T, a temperatura que você julga ideal. O melhor procedimento é: você fecha um pouco a torneira fria, o que leva x para um valor menor (x-delta), para assim impedir que T caia muito. Porque deu pau na temperatura, o volume também deixa de ser o anterior. Quando uma variável trava, o second-best (ou, novo ótimo restrito) consiste em empurrar também a outra para um patamar diferente do seu first-best.  

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

what a difference 3 weeks make

Se fosse referente a hoje, após tres semanas de dados bons, duvido que a minuta do FOMC seria tão dovish

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Choro por ti Argentina

O Marco Laes - um dos maiores especialistas em commodities que conheço - diz que as perspectivas para o preço da celulose não são boas. Dou uma olhada na Bloomberg para ver o que os analistas estão falando para as principais empresas do setor e percebo que, de fato, as recomendações de venda superam as de compra.

Muito bem, esta notícia pode mudar o quadro. Dando seguimento às medidas de modernização que têm sido implementadas nos últimos anos, o governo argentino resolveu expropriar uma gráfica que imprime papel moeda. A julgar pelas preferências reveladas pela administração, a gráfica operará a todo vapor daqui para frente, beneficiando o combalido setor de papel e celulose.

A maior medida do sucesso da estratégia que vem sendo adotada pela administração da Cristina Kirschner é o prêmio cobrado por um dólar no mercado paralelo - um cliente disse essa semana que o ágio estaria beirando 50% (nesta matéria do WSJ, de meados de julho, o prêmio estaria em 35%).

Coisa que os leitores com mais de 40 anos já viram por aqui - e, com a ajuda cósmica, esperemos que as novas gerações não vejam.

O hard landing dos nossos irmãos não é brincadeira. A figura abaixo mostra o indicador mensal de atividade do Indec - uma espécie de PIB. Pode até ser que os dados sejam massageados - como pregam alguns. Mas o tombo não deve ter sido tão diferente, a julgar pelo baixíssimo dinamismo de nossas exportações para lá (a Argentina é o principal mercado consumidor dos nossos produtos manufaturados).

Certamente este modelo de expropriações, intimidações, controles, prisões e etc tem adeptos (tenho um amigo Argentino que mora aqui e acha que eles estão batendo um bolão - não no basquete). Na época em que eu via a cotação do dólar paralelo estampada na primeira página dos matutinos, havia a máxima de que "eles eram a gente amanhã", inspirada em uma propaganda de vodka e o fato deles anteciparem as mágicas que depois tentávamos.

Agora que o governo correta (mas tardiamente) parece atacar de frente algumas raízes da falta de competitividade por aqui, turbinando, por exemplo, as concessões e acabando de uma vez por todas com o tabu anti-privatizações, dá para apostar que a "regra" já não vale mais. Oxalá.