quinta-feira, 3 de maio de 2012

Evaporando a dívida dos EUA


Na primeira figura a dívida sobre PIB do EUA no pós-guerra. Entre 1947 e 1957 ela caiu de 122% para 59%. Na segunda figura o crescimento do PIB, o superávit, os juros implícitos sobre a dívida e a inflação no período. Os valores médios: crescimento do PIB = 3,5%; inflação = 2,6%; juros nominais = 1,8; superávit = 1,9%.

Pegando o PIB desde 1800 e passando um filtro eu cheguei que o PIB potencial nessa época estava próximo de 3,5%, nada surpreendente. Daí, por conveniência, eu defini os três componentes de redução da dívida/PIB como: (i) superávit primário, (ii) crescimento acima de 3,5%, e (iii) juros reais abaixo de 3,5%. Esses estão na terceira figura.

A conclusão é que o crescimento não ajudou nada (já que ele foi igual ao potencial). O superávit foi responsável por um terço da redução da dívida/PIB. O que realmente fez a dívida desaparecer (os outros dois terços) foi o juro real negativo.



8 comentários:

  1. Isso para a Europa é muito mais complexo, não? Os países que estão pagando juros baixos para rolar a dívida (muito baixos ou negativos, em termos reais) são o de situação fiscal relativamente boa, que tende a ficar ainda melhor com a repressão financeira. Quem tem fiscal ruim paga juros altos e a solvência, com relação aos do outro caso, piora.

    Outra coisa que me ocorreu agora: o que o BCE faz com os eventuais ganhos de senhoriagem? Ficam no balanço ou ele distribui entre os "acionistas"?

    ResponderExcluir
  2. Ué, mas se o crescimento potencial fosse 2% ia ser muito pior a trajetoria da dívida/PIB. O que importa para sua dinamica de reducao é a taxa de crescimento do PIB (alem de sup.primario e interesses) e ponto final, certo?

    ResponderExcluir
  3. Vc está certo, eu só estou usando o PIB potencial para ter uma ideia de quanto da redução foi devido a juros e crescimento. Um pedaço que falta no meu argumento é que, em equilíbrio, o juro real é próximo ao crescimento do PIB (na verdade um pouco maior)

    ResponderExcluir
  4. Drunk: ótimo ponto, como sempre (diferentemente dos do CESG...)
    Uma possibilidade seria o Dragão manter os juros baixos na periferia, com novas LTROs, e deixar a inflação ficar sensivelmente maior. O duro é intolerância prussiana com esse tipo de solução. Fico pensando se é possível ter inflação na Espanha bem maior do que na Alemanha, como foi durante a década passada.
    Não sei se o ECB distribui, mas o investidor hiper-racional deveria considerar esse ativo, independentemente.

    ResponderExcluir
  5. É, acho que vão ter trabalho para gerar inflação na Espanha - parece cenário clássico de depressão deflacionária.

    Não sei se capturaria o tema de alguma maneira, mas os bancos centrais da Bélgica e da Grécia são listados em bolsa (BNB BB e TELL GA). De qualquer maneira, acho que as porcarias que o ECB andou colocando no balanço vão varrer qualquer ganho que eles consigam ter com senhoriagem.

    ResponderExcluir
  6. Pela sua definição o crescimento nunca ia ajudar na redução da divida.

    O crescimento no longo prazo sempre vai ser igual ao crescimento potencial. Logo no agregado a diferença entre os dois vai ser sempre 0.

    Não sei por que você colocou o crescimento potencial no meio. O que importa pra redução da Divida / PIB é só a diferença entre o juro real e o crescimento e o superavit primario

    ResponderExcluir
  7. Na verdade o crescimento foi bem menor que o potencial na década anterior. Minha ideia sensacional foi separar os efeitos do crescimento do dos juros (eu concordo contigo que somente a diferença deles que importa), desafiando a noção de que foi o crescimento extraordinário do pós-guerra que fez o trabalho de matar a dívida. Obrigado pelo comentário.

    ResponderExcluir
  8. Carmen Reinhart está com um artigo ótimo sobre isso.

    A versão condensada está em: http://www.voxeu.org/index.php?q=node/7767

    ResponderExcluir